Nomes são importantes, e bons nomes são difíceis. Resolvi me dedicar a escrever um blog porque escrever me afasta de coisas supérfluas e me aproxima de mim mesmo, mas estou divagando. Certamente o nome escolhido merece uma explicação, muitas vezes um nome que soa bobo ou estranho se torna interessante graças a história que há por trás dele. Para falar a verdade, não há nenhuma história interessante a cerca desse nome, “a lâmina e o coração”, eu ia escolher a pena e a espada, mas mudei de idéia e mudei para esse título. O processo todo de tomada de decisão não demorou nem cinco minutos, mas certamente a escolha não foi vã nem leviana.
Ia escrever sobre as razões do primeiro título, natimorto, mas isso seria perda de tempo, já que ele foi preterido. Vamos às razões do nome que de fato foi escolhido. A inspiração veio – ela veio em meros segundos – da palavra japonesa para paciência: nin ou shinobu (entre outras pronúncias), em kanji é 忍, esse ideograma é composto por dois radicais, o que fica no alto é lâmina (em japonês ha ou yaiba) e o que fica em baixo é coração (kokoro), formando uma imagem muito forte e sugestiva de uma lâmina sobre o coração.
Como disse antes, o primeiro nome que me ocorreu foi “a pena e a espada”, que é um clichê, para dizer o mínimo, ainda assim um nome sugestivo. É difícil não ser repetitivo, mais ainda ser original de alguma maneira. Certamente, nos minutos de reflexão que foram necessários para essa mudança de nomes, o elemento que permaneceu foi a espada, a pena cedeu lugar ao coração. Mudança grata essa, visto que nos últimos tempos, tenho dado mais ouvidos a esse meu coração teimoso, e muitas vezes ele me tem tomado a pena e escrito coisas que eu normalmente não poria no papel. Então, uma vez mais ele roubou à pena e tomou o lugar no título.
Pois bem, que essas palavras sejam o choro de nascimento desse blog – por sinal esse nome blog me incomoda – e já devidamente batizado, que ele se inicie. Não há um tema para ele, ao menos não ainda, veremos o que o meu interesse vai me levar a escrever. Creio que devo mais uma explicação, já escrevi tanto e, de forma impolida, ainda não me apresentei. Eu me chamo Heráclito, e o meu nome tem uma história interessante. Para os que não sabem, Heráclito é o nome de um filósofo pré-socrático que viveu em Éfeso na magna Grécia, hoje a Turquia, por volta do século V antes de Cristo. Para ele o mundo era composto de fogo, e as coisas estão em constante e perpétuo movimento. É dele o famoso aforismo sobre entrar duas vezes no mesmo rio. Seu nome, e meu também, significa em grego abençoado por Héracles (o Hércules latino). Bom, mas essa não é a história interessante sobre o meu nome.
Meu pai tinha a idéia de me batizar de Domingos, em homenagem a um amigo querido, mas a minha avó materna achou o nome ridículo, e resolveu me chamar de Heráclito. Antes que pensem que a minha avó é uma mulher letrada e conhecedora de filosofia, adianto que não é esse o caso. Bom, meu bisavô, pai do meu avô materno, era um italiano chamado Heráclito. Quis o destino que eu nascesse no dia 17 de Dezembro, o dia em que ele morreu. Não no mesmo dia, mas no aniversário de morte dele. Interessante, até hoje não sei em que ano ele morreu. Pois bem, graças a essa coincidência eu recebi esse nome, que por sinal gosto muito. Pelo que me contaram do meu antepassado Heráclito, ele era um homem muito inteligente e culto, um sujeito viajado e que sempre viveu do comércio. Ele possuía outro sobrenome antes de vir ao Brasil, um sobrenome francês, Limonge, ou algo que o valha, mas quando se mudou para cá, também mudou de sobrenome, passou a se chamar Heráclito Aragão.
Pois bem, muito prazer, eu me chamo Heráclito e esse é o meu blog, que se chama O Coração e a Espada, que ainda não possui um tema, e nem sei se virá a ter. Se gostaram do texto de abertura obrigado, do contrário, paciênc
Parabéns pela decisão de criar o blog, acho que foi bastante acertada. :)
ResponderExcluirVocê está certíssimo, quando escrevemos nos distanciamos do descartável. È uma aventura das mais prazerosas, e não engane-se, de alto risco. A palavra é um tanto traiçoeira, não se comporta como uma dama fiel, ao contrário, muitas vezes nos escraviza e nos leva a alguns dissabores; mas, para os apaixonados, pela palavra, é um risco dos mais gratificantes.
ResponderExcluirAmigo,
ResponderExcluirVocê uma grata surpresa na militancia politica e agora com mais uma surpresa: Um blog. Acho que era o que faltava para você.Parabéns.