segunda-feira, 30 de maio de 2011

Megan Fox


Me deparei com essa foto, e me chamou atenção, entre outras coisas, a frase atribuída a Megan Fox: "every time I get another tatoo, it's like a little F-you to anyone who told me not to". para os que não falam inglês: "cada vez que eu faço outra tatuagem, é como um pequeno foda-se para qualquer um que me disse para não fazer.

Acho que ela foi muito feliz ao expressar um sentimento que é geral em qualquer um que faz tatuagens. Nossa sociedade ainda é muito preconceituosa, e as pessoas têm a audácia de querer legislar até mesmo sobre uma das coisas, depois das nossas idéias e sentimentos, que há de mais íntimo: nosso corpo. Não apenas isso, mas a imagem que fazemos do corpo e que transmitimos dele. É impressionante como existem pessoas tão arrogantes que julgam poderem opinar até mesmo sobre isso, ou que  crêem  nos compreenderem melhor de que nós mesmos. No fim das contas, com ou sem tatuagens, somos nós que vamos viver dentro da nossa pele, e não os palpiteiros de plantão. 

Além disso, esses palpites não traduzem qualquer tipo de sabedoria mundana ou de caráter prático, mas apenas preconceitos e projeções. Então, como terminei recentemente uma tatuagem beeem grande, faço minhas as palavras de Megan Fox e um pequeno "fuck you" a todos os preconceituosos palpiteiros de plantão! Tatuagem é atitude, então ao se deparar com alguém tatuado, não perca seu tempo dizendo a ele ou ela o que fazer ou querendo parecer mais sabido do que você realmente é, caso resolva fazer isso, "fuck you" para você também!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Detroit Metal City!!!!!





Detroit Metal City é provavelmente o Anime mais ridículo e idiota que eu já vi em toda a minha vida! Não bastasse isso, é sem sombra de dúvida, o Anime mais engraçado que já vi. A princípio parece simplesmente ridículo, mas quando menos se espera ele provoca um ataque incontrolável de riso devido às situações bizarras e improváveis em que se mete o protagonista.

Detroit Metal City, ou DMC para encurtar, é o nome de uma banda de Death Metal, liderada pelo terroristra, estuprador e demônio vindo diretamente das profundezas do inferno Johannes Krauser II, idolatrado por seus fãs como um deus vivo do metal! Na realidade, por trás da fantasia e da maquiagem pesada no melhor estilo Kiss, Johannes Krauser II é o pacato e efeminado Negishi, um fã de música pop sueca que sonha em fazer sucesso cantando melodias adocicadas, mas se vê forçado por sua produtora maluca a encarnar o demônio das profundezas Krauser II.




A banda alcança cada vez mais sucesso e surgem dezenas de histórias macabras sobre seus feitos, todas inventadas, em mais uma referência ao mundo do Rock. Por mais que os fãs estejam convencidos de que Krauser matou os próprios pais e é a encarnação do mal, ele não passa do tímido Negishi. O alter-ego de Negishi é o extremo oposto dele, enquanto o jovem cantor é um boboca tímido e fraquinho, Krauser é o supremo Bad Boy e deus do Metal.

Detroit Metal City é imperdível, é uma bobagem atrás da outra, mas é simplesmente hilariante. São apenas 12 episódios de 23 minutos, num estilo de desenho e animação propositalmente descuidado, com histórias malucas e absurdas, vale muito a pena para combater o mau humor com Metaaaaaaaaaaal!!!!!!


sábado, 14 de maio de 2011

Tiger and Bunny







Tiger and Bunny é um anime que está atualmente no sexto episódio de um total de 26 que serão exibidos. O anime trata da temática de super heróis de uma maneira tão inovadora e interessante como não via desde Watchmen e Top Ten do genial Alan Moore.

No universo ficcional do anime existem algumas poucas pessoas com poderes chamadas de Next. Um seleto grupo de Next funciona como uma espécie de força policial de elite da cidade, mas de uma maneira muito inusitada: eles fazem parte de um reality show chamado King of Heroes. O show de TV é transmitido ao vivo e cada um dos participantes usa uma fantasia espalhafatosa e é patrocinado por uma empresa, como Pepsi e Bandai. Para decidir quem será o King of Heroes no final do ano cada um dos participantes ganha pontos por pessoas salvas e atos heróicos. Tudo não passa de um grande circo midiático para alavancar as ações das empresas envolvidas e vender todo tipo de produtos relacionados aos heróis, de camisetas a cards colecionáveis.




Os personagens principais são o veterano e decadente Wild Tiger, cujo nome real é Kotetsu, e o novo e brilhante herói Barnabi, apelidado por Tiger de Bunny. Eles são opostos em tudo: Tiger tem uma personalidade epimeteica e é um herói de verdade, preocupado em salvar as pessoas e não em ganhar pontos; Bunny possui uma personalidade prometéica e, ao menos aparentemente, está interessado em ganhar pontos e popularidade.

A série possui boas cenas de ação, personagens interessantes e comédia na medida certa. É uma ótima pedida não apenas para os fãs de super heróis, mas qualquer um interessado em dar umas boas risadas e ver uma boa história deve assistir Tiger and Bunny, diversão garantida.



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Soneto

Compartilho com vocês um soneto particularmente bonito que acabei de ouvir. Como já disse, não sou exatamente um romântico, ou grande apreciador de poesia, mas tenho meus momentos.

Voltada sobre o pano, a moça borda 
a infância e seus jardins, os dias claros, 
as despedidas na ponte dos poentes, 
a magia da noite, os seus cavalos. 


Como evitar a morte, a mão que borda, 
ao sereno lençol que, nu, aguarda 
a forma de seu sonho, humilde, indaga, 
senão amando e se tornando amada? 


O fio compõe a lenda, sobre o linho, 
do capim trescalante e o rio da tarde 
que banhava a colina e os dois amantes. 


Mas, por saber no amor eternizado 
o que a morte vencer não pode mais, 
a mão desfaz os pontos já bordados. 


Alberto da Costa e Silva

terça-feira, 10 de maio de 2011

Generator Rex





Novo (nem tão novo assim) desenho do Cartoon Network, que claramente se inspira no sucesso de Ben 10 sem necessariamente ser uma cópia. Nada de aliens como em Ben 10, o herói de Generator Rex luta contra “EVOS”, criaturas que tiveram suas moléculas alteradas por nanotecnologia e foram transformadas em monstros descontrolados. A premissa do desenho é que aconteceu um evento cataclísmico que espalhou “nanitas” por toda a superfície do planeta, infectando todos os seres vivos da terra. Essas máquinas do tamanho de moléculas passam a maior parte do tempo dormentes, e não causam mal algum as pessoas e animais, mas de vez em quando elas se ativam e transformam alguém ou alguma coisa em um monstro horripilante.

Para lidar com essa bagunça foi criada uma agência governamental chamada “Providence”, e sua maior arma é o herói do desenho animado Rex. Rex é um adolescente cabeça oca normal, exceto pelo fato dele ser um EVO imensamente poderoso capaz de transformar seu corpo ou partes dele em veículos e armas gigantes, além de ser capaz de extrair os nanitas dos corpos de pessoas contaminadas fazendo-as reverter a sua forma original. Os parceiros de Rex são um macaco inteligente e um super-agente sisudo de paletó verde chamado número 6 – seu visual e personalidade são claramente inspirados no agente Smith de Matrix – além de um amigo aparentemente normal, Noah, que o segue em suas aventuras.




O desenho possui muita ação, o visual dos monstros é sempre muito interessante e bizarro, mostrando uma clara inspiração do universo ficcional de H. P. Lovecraft; o visual de Rex e seus poderes também são interessantes, todavia não há muito conflito. Rex possui amnésia e não sabe quem é ou de onde veio, e um dos principais conflitos que enfrenta é ser um adolescente preso em uma base militar cheia de regras onde ele não passa de uma arma e sua tentativa de ser “normal”, um grande clichê do gênero.




Há um grande vilão e uma gangue de vilões super poderosos, um mistério envolvendo o evento que levou ao surgimento dos EVOS e com relação ao próprio Rex, mas isso é mal explorado. Tirando as cenas de ação, o desenho não empolga, os personagens são pouco críveis e os bons ganchos da história – como o clima de paranóia e conspiração na Providence, ou o triangulo amoroso entre Rex, Holiday a médica da Providence e o número 6 – são parcamente explorados. Generator Rex está longe da qualidade de um Avatar: A lenda de Ang, ou das várias séries Ben 10. Com personagens excessivamente caricatos, motivações mal definidas e um roteiro fraco, a série empolga apenas pelas lutas e cenas de ação.

domingo, 8 de maio de 2011

A Morte de Osama Bin Laden

Não se deve subestimar os efeitos da morte de Osama Bin Laden. Uma das principais implicações da morte do terrorista saudita certamente é a garantia da reeleição do presidente Barack Obama, algo que alguns analistas políticos começavam a duvidar devido às quedas sucessivas em sua popularidade. Todavia, Obama e Bin Laden são ícones de duas vias culturais distintas que inevitavelmente se chocam em nosso mundo globalizado. Como historiador é meu dever de ofício, ao ponderar sobre esses dois mundos que encarnam nessas duas figuras trazer a perspectiva da duração. Barack e Osama, ironicamente ambos com nomes islâmicos, são símbolos de desenvolvimentos históricos e psicológicos muito diversos, de maneiras de perceber a realidade e a história com sensibilidades quase opostas. Para aquilatarmos de maneira precisa os efeitos do assassínio do odiado terrorista, faz-se necessário compreender a diferença que ele personifica.

Bin Laden é o Islã, o oriente, a hipérbole é necessária. Obama, o negro, filho de pai africano mulçumano e mãe americana branca, liberal e cristão é o ocidente com todas as suas contradições e possibilidades. É mais fácil para nós, ocidentais, perceber o islã por contraste, naquilo em que somos diferentes e, a partir daí, compreender o que nos separa. O islã, o mundo árabe, o levante, ou como se queira chamar, não passou pelo mesmo processo de reflexão filosófica que se estendeu por todo o medievo e culminou com o iluminismo, como o ocidente – em que pese que a despeito desses fatos terem se passado na Europa, pequena península da Ásia, nós no Brasil falamos uma língua européia, temos um sistema legal europeu, uma forma de governo e política que tem suas raízes profundas nessa península – a Europa teve um grande movimento filosófico que se irradiou da Grécia a partir do século V e que caminhou até a patrística. Filósofos como Platão e Sócrates eram críticos ácidos da sua religiosidade nativa, eles não pregavam o ateísmo, mas uma forma mais elevada de religião, não á toa Platão foi considerado pelos pensadores medievais um “cristão avant la letre”. A patrística, para organizar o dogma cristão de maneira coerente e racional utilizou de maneira soberba o método filosófico das escolas platônicas e aristotélicas, e o medievo europeu só perdeu contato com essas bases culturais devido a uma má interpretação de algumas passagens do genial Santo Agostinho.

Até o século XIII foi o islã que tornou-se herdeiro da tradição grega, eram seus filósofos e pensadores que conheciam o grego clássico e que dispunham de educação filosófica para compreender os meandros do discurso de Aristóteles. Avicena e Averrois, leram e compreenderam o sábio estagirita, mas nunca o tornaram mulçumano, assim que eles compreenderam que para Aristóteles alma e corpo formavam uma união indivisível, que esse, entre outros pressupostos, eram contrários a doutrina do Corão, eles o abandonaram em favor do livro sagrado. Quando o vagalhão mulçumano finalmente deixou a Europa após séculos de conquistas e lutas incessantes, eles deixaram para trás sua herança filosófica. A partir do século treze se inicia a escolástica, e não demorará para que surja em cena o colosso intelectual de Tomás de Aquino, retomando as provas aristotélicas da existência de deus e abandonando a prova ontológica (como a denominou Kant) de Santo Anselmo (jamais consegui explicar com sucesso aos meus alunos a tese de Anselmo, por isso nem vou tentar aqui). Aquino consegue o que Averrois não conseguiu, ele recria Aristóteles alterando certos detalhes para que sua filosofia se adéqüe a revelação cristã – fundamentalmente platônica – retomando a máxima agostiniana de que é preciso “primeiro compreender para depois crer” (Intellige ut Credas, Crede ut Intelligas), o que moldou o pensamento cristão/católico da escolástica durante todo o medievo.

O pensamento teológico católico caminhou, através da hermenêutica, cada vez mais para uma interpretação menos literal das escrituras e mais e mais compreendendo como metáfora os símbolos da bíblia, lentamente abandonando o sentido denotativo dado a essas imagens grandiosas. O islã jamais teve um William of Ockam, que criticou a metafísica em favor da teologia e criou um método lógico inovador e que, inadvertidamente, foi precursor do iluminismo. O islã jamais teve um Maquiavel, grande inaugurador da modernidade, para quem sequer importavam as grandes questões da metafísica tradicional sobre a existência de deus, imortalidade da alma, finitude ou não do universo ou o debate interminável entre nominalismo e realismo e a elegante síntese de Abelardo. Não, para Maquiavel importava como conseguir e manter o poder, como governar, a política, sem especulações de cunho metafísico ou moral, era o seu tema.

O islã jamais teve um Kant, que demoliu o edifício metafísico (e apesar de ser crsitão) contribuiu para que o pensamento filosófico ocidental caminhasse cada vez mais a passos largos para uma crescente secularização. Mesmo a reforma protestante, com seu retorno a compreensão literal denotativa das escrituras não foi capaz de alterar esse processo em curso. O iluminismo e as revoluções burguesas que deram fim ao Antigo Regime europeu, nos legaram todo o fundamento de nosso direito e sistemas políticos, nos legaram a noção de que igualdade e  liberdade são valores humanos inerentes a cada um de nós ao nascer. As palavras de Voltaire ecoam até hoje “posso não concordar com uma única palavra do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-las”. O levante continuou preso a tradição religiosa, sua lei é a Sharia, suas regras são aquelas reveladas pelo profeta.

Nosso modo de vida possui vantagens e desvantagens. Marx encarava a religião como o “ópio do povo”, e durante um bom tempo a filosofia e a sociologia se inclinaram a essa interpretação, que se não é completamente equivocada, ao menos é exagerada e unilateral. Jung aponta que o “mal estar” de que falava Freud, é derivado da perda cultural dos símbolos vivos da religião. Campbell aponta que o mito possui quatro funções: a mística, a cosmológica, a sociológica e a psicológica. O mito nos serve para apresentar o sentido de assombro e mistério diante da existência; proporcionar uma imagem do próprio universo, que é a da ordem matemática do cosmo; vincular o indivíduo à sociedade, àquele cosmos e àquele mistério. A função sociológica do mito se expressa com clareza nas tábuas das leis de Moisés, a lei humana, a sociedade é ordenada por Deus da mesma maneira que foi ordenado os ciclos cósmicos, e assim como não podemos simplesmente alterar a ordem natural das estações, não podemos alterar a verdade revelada da lei de Deus. Nossa sociedade, por mais de um milênio, caminhou para o abandono dessa noção, nossa moral e leis são humanas e mutáveis, nossa visão do cosmo não depende mais das imagens de jardim de infância elaboradas a três mil anos de um jardim, uma serpente e um casal humano primordial, nossa visão do cosmos foi tomada do mito e assumida pela ciência. Para tanto sofreram Galileu e Giordano Bruno, ganhamos muito, mas também muito perdemos, sem esses símbolos para nos guiar e moldar nossas vidas estamos, no dizer de Campbell “em queda livre em direção ao futuro”.

O islã ainda tem vivos e com poder avassalador esse símbolos, todos os aspectos de sua vida são guiados pelas palavras grandiloqüentes do profeta Maomé. Certamente eles não padecem das mesmas neuroses e dúvidas existenciais de que padecemos, ou dos conflitos morais. Mas ao mesmo tempo, não possuem nossa tolerância, a mulher é duramente oprimida, homossexuais são mortos, qualquer outra religião é proibida, o anti-semitismo é pregado abertamente, e a lei é Draconiana. Para nós seus sistemas de governo absolutistas são arcaicos e obsoletos e sua falta de liberdade desconcertante. A eleição de Barack Obama é um marco fundamental do mundo ocidental, um negro, de nome árabe, de pai imigrante chega ao posto máximo da maior potência ocidental. Não esperam jamais, ou ao menos pelos próximo cem anos um judeu na presidência do Irã.

A morte do principal representante do fundamentalismo islâmico está longe de ser um vitória definitiva, mas era uma vingança clamada pelo povo americano que ansiava pelo sangue do algoz de 11 de Setembro. Todavia, o assassínio de Bin Laden representa uma terrível afronta aos valores ocidentais, e precisa ser pensado sob essa ótica. Até onde estamos dispostos a chegar na “luta contra o terror?”. O ato de Obama pode, e deve, ser visto como um ato criminoso e imperialista, nossa história, nossos valores e nossa filosofia nos permitem pensar assim. Não que Bin Laden não merecesse, mas tal afronta aos nossos ideais duramente conquistados de liberdade e igualdade deve ser vista como um 11 de Setembro simbólico, a morte de Bin Laden é um atentado contra tudo o que o ocidente possui de melhor. Quando essa guerra vai terminar? Não sei, mas sei que tudo termina um dia, inelutavelmente, não sei nem mesmo se viverei para ver o desfecho desse choque de mundos, mas espero que, de alguma maneira, os lados desiguais dessa balança se equilibrem.

sábado, 7 de maio de 2011

Shall I compare thee to a Summer's day?

Hoje estou me recordando dos meus poemas favoritos, um deles é o soneto 18 do bardo, Willian Shakespeare. Como já disse, não sou exatamente um fã de poesia, ou mesmo romântico, mas tenho lá os meus momentos. bem, aproveitem o soneto:

Shall I compare thee to a Summer's day?

Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this and this gives life to thee.

Para Karine, feliz dia das mães.

The Tiger

Não sou exatamente um fã de poesia, mas gosto de alguns poucos poetas, entre eles Willian Blake. meu poema favorito é The Marriage of Heaven and Hell, mas como ele é excessivamente longo, resolvi postar aqui meu segundo poema favorito The Tiger, espero que gostem.


The Tiger


Tyger! Tyger! burning bright
In the forest of the night
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?

And What shoulder, and what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? and what dread feet?

What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?

When the stars threw down their spears,
And watered heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the lamb make thee?

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye 
Dare frame thy fearful symmetry? 


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Termos em chinês usados em artes marciais II

Jiàn –  劍/剑 espada reta de lâmina com corte dos dois lados, o primeiro Hanzi é o tradicional, o segundo o simplificado.

duǎn jiàn -短劍/短剑 adaga.

móu -鉾 lança.

Bat Chaam Dou - 八斩刀, faca de oito cortes, as facas gêmeas de Wing Chun

Gùn - , bastão

 San Ji Gun (san tie kuan) - 三截棍 bastão de três seções.

Guān dāo - 關刀

Dao -刀, sabre

Chin Na -擒拿 , técnicas de torção, imobilização e quebramento de ossos.

Palavras e Melancolia

Campbell, em vários de seus livros, fala dos grandes autores que moldaram a sua vida, que lhe forneceram os exemplos pelos quais poderia viver, pois nosso mundo carece desses símbolos vivos e torna-se tarefa do poeta fornecer esses modelos. Os gostos de Campbell em muito moldaram as minhas próprias leituras, mas somente hoje compreendi a dimensão do que ele falou tantas vezes. Ontem estava bastante triste, e nada parecia me oferecer qualquer conforto, quando vi um dos livros de Joyce que me foi “sugerido” por Campbell, e ali finalmente encontrei o conforto que buscava. Minha melancolia não me abandonou hoje, por isso continuei lendo e finalmente compreendi o sentido das palavras de Campbell, pois o sentindo profundo das palavras do jovem Stephen Dedalus tocou alguma corda esquecida em minha alma e me deu alento para além daquilo que buscava. Todo o anseio de Dedalus se resume a busca pela liberdade, pelas palavras que irão expressar sua alma de maneira única, e a esse fim ele devota sua existência. Essas palavras que me trouxeram alento e inspiração em um dia cinzento onde meu coração pesaroso insiste em bater no meu peito eu reproduzo aqui. Espero ter a mesma coragem do jovem Stephen, assim como o próprio Joyce demonstrou essa coragem e conseguiu exprimir a si mesmo, a sua alma em palavras e com isso deu forma e expressão a toda uma geração. Longe de mim ambicionar tanto, mas espero encontrar ao menos a liberdade:

– Look here, Cranly, He Said, You have asked me what I would do and what I would do not. I will tell you what I will do and What I will do not. I will not serve that in which I no longer believe, whether it call itself home, my fatherland or my church: and I will try to express myself in some mode of life or art as freely as I can and as Wholly as I can, using for my defence the only arms I allow myself to use, silence, exile and cunning.

(…)

– You made me confess the fears that I have. But I will tell you also what I do not fear. I do not fear to be alone or to be spurned for another or to leave whatever I have to leave. And I am not afraid to make a mistake, even a great mistake, a lifelong mistake and perhaps as long as eternity too.

Impermanência

Quanto mais estudo, leio, ou escuto ensinamentos dos mestres das várias tradições budistas, percebo que o grande ensinamento é o da impermanência ligado a vacuidade. Não é difícil perceber que tudo a nossa volta está em perpétua mutação, que tudo muda o tempo inteiro, e que tentar se agarrar a algo é como tentar segurar areia por muito tempo entre os dedos. O ensinamento da vacuidade é de que todos os fenômenos compostos são impermanentes e por isso vazios de realidade intrínseca, e o apego surge do desejo que os fenômenos sejam permanentes, ou da ilusão e ignorância de que os fenômenos não são tão irreais quanto o sonho. Todavia, por mais que seja possível perceber com clareza que cada um dos fenômenos que surge em nossa consciência depende de inumeráveis causas e condições para existir e que, quando cessam essas causas e condições ele também desaparece, é muito difícil resistir a tentação do apego.

Compreender intelectualmente é apenas uma parte do processo, no fundo, nenhum de nós gostaria de aceitar essa verdade tão inconveniente. Estamos ligados emocionalmente a muitas coisas e pessoas, associamos nossa felicidade e bem estar e essas coisas e pessoas as quais estamos ligados, por isso nos sentimos infelizes quando temos negado aquilo que julgamos ser a fonte de nossa felicidade. Todos temos apegos, é fácil se desapegar de coisas pequenas, mas quando é algo realmente importante, algo em que investimos muito de nós mesmos, como um relacionamento, um filho, ou quem sabe o trabalho, temos uma dificuldade enorme de nos imaginarmos afastados ou desligados dessas coisas. Muitas vezes até mesmo cogitar a perda ou o afastamento de algo que nos é caro causa uma dor inenarrável. Em nossa sociedade negamos com veemência talvez a maior evidência da impermanência: a morte. Seja a nossa extinção ou daqueles a quem amamos.

Mas ao se compreender minimamente a impermanência, percebemos que a morte é algo corriqueiro, pelo o qual passamos todos os dias, muitas vezes inconscientes dela. A morte não é um fenômeno que ocorre uma única vez, mas se repete uma miríade de vezes. Cada vez que um fenômeno desaparece, e temos de lidar com nossos laços de apego e ilusão estamos passando pelo fenômeno da morte. A cada dia, mesmo a cada instante algo que nos é caro, algo a que estamos ligado, desaparece ou simplesmente muda, pois todos os fenômenos são efêmeros e cambiantes como frágil flor de cerejeira fustigada ao vento. Porém, encontramos mil maneiras de continuar nos agarrando ao aspecto ilusório dos fenômenos, a continuar a negar que tudo é impermanente. Parece extremamente difícil viver em um mundo onde nada permanece, onde tudo é ilusório, mas é exatamente nesse mundo que vivemos.

No budismo existe uma diferença entre conhecer um ensinamento e realizá-lo, essa é uma diferença crucial. Qualquer um que ler essas linhas mal traçadas pode compreender intelectualmente que as coisas estão em perpétuo movimento, mas aceitar essa verdade e fazê-la atuar de maneira poderosa em nossas vidas é algo completamente diferente. Como aproveitar o beijo de sua namorada sabendo que mesmo aquele belo sentimento pode se converter em dor? Ou o sorriso do seu filho, ao se imaginar que aquele sorriso pode desaparecer caso algumas poucas causas e condições cessem? Parece cruel ter que estar todo o tempo reafirmando a finitude, certamente não é fácil. A realização da impermanência é uma das maiores metas do budismo, um dos caminhos para a cessação do sofrimento. O beijo da sua namorada é um milagre, que está acontecendo agora e talvez nunca mais se repita, ele existe nesse exato instante e esse instante, o momento presente é a eternidade. O futuro não existe e o passado é uma ilusão. Cada pequeno momento de felicidade é um milagre, e cada momento de dor, é uma oportunidade de treinarmos nossa paciência e compaixão.

Confesso que a minha experiência com relação a esses ensinamentos é bastante ambígua, minha professora Ani Zamba, sempre me admoesta a falar sobre a minha própria experiência, pois bem, parece que depois de tanto tempo tenho algo a falar que é genuinamente a minha experiência. Algumas vezes a consciência da impermanência torna a sua vida mais simples, a falta de apego faz com que certos fardos não precisem ser carregados. Muitas vezes deixei de me irritar, ou brigar, ou de me chatear com alguém na rua, ou no trânsito, ou outras ocasiões, ao simplesmente deixar as coisas passarem, deixar que os fenômenos, mesmo os fenômenos de nossas emoções e pensamentos, surgirem e desaparecerem. Mas outras vezes, na verdade naquilo que parece ser realmente importante, esse ensinamento em parece um fardo extremamente pesado de se carregar. Treinar constantemente a paciência e a compaixão me faz, muitas vezes, me sentir isolado e sozinho. Quando temos de treinar o desapego com relação aquilo que realmente amamos, ou pensamos que amamos, é um teste árduo, uma prova de fogo que deixa marcas em nossa alma. Muitas vezes me pergunto se “estou fazendo isso certo”, se é realmente assim que deve se sentir alguém que busca esse caminho. Muitas das vezes, o esforço hercúleo de controle de si mesmo para demonstrar compaixão e paciência é compreendido como fraqueza, e confesso que isso ainda me incomoda. Em minha experiência com esses ensinamentos, percebi que desapego e compaixão são bem difíceis de se praticar, que a vacuidade, apesar de óbvia, é algo duro de se aceitar emocionalmente. Sua mente lhe diz “tudo é impermanente”, mas seu coração lhe sussurra “mas eu quero que isto dure!”.

O mestre da minha professora, escreveu em um de seus livros que “algumas vezes a impermanência trabalha a nosso favor”, pois mesmo a dor mais atroz também é vazia de realidade intrínseca e impermanente. Todos os dias nos deparamos com pequenas e grandes mortes, hoje me particular eu talvez tenha que me deparar com a impermanência, naquilo que ela possui de mais doloroso, talvez por isso tenha resolvido escrever uma vez mais sobre esse tema, para me preparar para essa pequena morte que talvez me aguarde e com a qual terei de lidar, não apenas intelectualmente, mas com todas as emoções que suscitará. Nessas horas penso que poderia ter meditado mais, ou ser mais sábio, ou que seria bom ser como os grandes mestres realizados, mas estou condenado a ser apenas o que eu sou, até que o que eu sou mude.