sexta-feira, 13 de maio de 2011

Soneto

Compartilho com vocês um soneto particularmente bonito que acabei de ouvir. Como já disse, não sou exatamente um romântico, ou grande apreciador de poesia, mas tenho meus momentos.

Voltada sobre o pano, a moça borda 
a infância e seus jardins, os dias claros, 
as despedidas na ponte dos poentes, 
a magia da noite, os seus cavalos. 


Como evitar a morte, a mão que borda, 
ao sereno lençol que, nu, aguarda 
a forma de seu sonho, humilde, indaga, 
senão amando e se tornando amada? 


O fio compõe a lenda, sobre o linho, 
do capim trescalante e o rio da tarde 
que banhava a colina e os dois amantes. 


Mas, por saber no amor eternizado 
o que a morte vencer não pode mais, 
a mão desfaz os pontos já bordados. 


Alberto da Costa e Silva

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