segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mito e Religião

Ontem, estava pensando no que escrever, pensava em evitar escrever sobre coisas óbvias, mas me ocorreu que óbvio é relativo. pensava em escrever sobre outra coisa que não mitologia e religião, mas esse tema é tudo menos óbvio. principalmente devido a grande multiplicidade de visões, preconceitos e lugares comuns sobre o tema. resta sempre muito a ser dito, mesmo após o muito que já se disse, e aos rios de tinta que já se gastou para tratar desse assunto. além disso, a tarefa se torna mais interessante por estar longe da mminha boblioteca e ter de recorrer a memória para escrever. isso torna a tarefa mais difícil e mais estimulante. tenho tido sempre a oportunidade de conversar com muitas pessoas diferentes sobre religião e mitologia, e sempre me pareceu um exercício interessante para perceber o quanto eu realmente "digeri" de tudo o que já li e experimentei sobre o assunto. pois bem, tento fazer o mesmo aqui, como se estivesse uma vez mais em meio a uma conversa sobre religião e mitologia e precisasse expor meus pontos de vistas e crenças.


a princípio creio que convém definir os termos, do contrário a coisa toda fica bem confusa. Campbell possui uma maneira das mais interessantes de definir mitologia, para ele, mitologia é a religião do outro. logo, as duas coisas se encontram separadas apenas pela perspectiva de quem as observa, se de dentro ou de fora. há uma história Iorubá interessante sobre Exú que pode nos auxiliar a compreender a "perspectiva" de Campbell. havia dois agricultores trabalhando no campo, um de cada lado, ao vê-los Exú resolveu lhes pregar uma peça, ele colocou sobre a cabeça um chapéu de quatro cores, que para quem o via de um lado era preto e do outro branco, com verde na frente e amarelo atrás, dessa maneira ele passou pelos dois lavradores e cada um o viu de uma maneira. ao falarem sobre o assunto, um deles disse ter visto um homem de chapéu preto, ao que o outro disse ter visto o mesmo homem, mas ele usava chapéu branco, e discutiram e brigaram até que o próprio Exú se revelou e lhes mostrou o chapéu que havia sido pomo da discórdia.

Da mesma maneira, tendemos a nos aferrar a nossa perspectiva sem levar em consideração o que outros podem pensar e sentir, mesmo que não seja tão diferentes de nós, no caso da religião, isso se torna mais grave, e mesmo semelhanças podem ser razão para debates e lutas. quando os primeiros missionários chegaram as américas, para propagar a fé Cristã, vista por eles como a única válida e verdadeira, se depararam com algo inusitado. já havia nas américas a crença em quetzalcoatl, a serpente emplumada, venerada pelos astecas. o deus quetzalcoatl havia nascido de uma virgem, era um salvador aguardado e sobre ele havia muitas profecias, e esse salvador fou crucificado e posteriormente ressuscitado e se aguardava um segundo retorno desse personagem. nas imagens de sua crucificação, vê-se que sua cruz está sobre uma caveira (cristo foi crucificado no gólgota, em latim calvarium, "caveira") e sobre a cruz estava um pássaro. as similaridades com as imagens da simbologia cristã são evidentes. todavia, para os missionários dos séculos quinze e dezesseis, apenas suas imagens e símbolos eram válidos, por isso precisavam imaginar uma explicação para esse fato insólito. logo eles imaginaram que o diabo, para dificultar o trabalho de evangelização, havia espalhado essas histórias que nada mais eram do que uma espécie de "paródia" da paixão de Cristo. assim, como sempre aconteceu antes deles, e como ocorre até hoje, em foro íntimo, no divã do psicanalista e publicamente nos púlpitos das nossa igrejas, os deuses dos outros são compreendidos como demônios. assim como, aqueles deuses, em nosso íntimo, que não são compreendidos são sentidos como demônios, entidades nefastas, essa energia atuará em nosso sistema psíquico de uma maneira ou de outra.

Para Jung, a mitologia e a religião, são funções naturais de nossa condição humana. disse ele certa vez que o mito está para nós como o ninho para o joão de barro. as imagens e símbolos, sublimes e terríveis, de todas as religiões e crenças, desde a aurora dos tempos, são produções espontâneas de nossa alma, daquilo que Jung denominou de "psique objetiva", a fantasia é uma forma de pensamento, que é espontânea em nós e que não demanda de nossa volição, ao contrário do pensamento dirigido, em palavras, que demanda considerável esforço de nossa parte e "gasta" nossa força de vontade. o mito, assim como o sonho, surge dessas camadas abissáis de nossa alma, sobre a qual pouco ou nada sabemos, e sobre a qual exercemos pouco ou nenhum controle. tudo o que sabemos sobre as regiões inauditas de nossa própria alma, de onde brotam espontaneamente essas imagens da fantasia, são indiretas. sabemos que não as criamos, elas independem de nossa consciência de vigília, e raramente podem ser controladas pela nossa vontade, ou seja, sabemos que se apresentam a consciência, mas que não foram criadas pela consciência. e que podem agir com diabólica autonomia.

os símbolos religiosos e míticos são os esteios sobre os quais se erigem nossas civilizações e culturas, eles promovem tanto o sentido da vida individual, quanto o da vida do grupo, seja uma tribo primitiva na oceania, ou as majestosas e monumentais civilizações da antiguidade clássica. muitos autores procuraram compreender o sentido vivo da experiência religiosa e explicá-lo. Frazer por exemplo, autor de uma obra monumental sobre imagens míticas, expressava a crença vitoriana na superação do anseio religioso. para ele, a humanidade caminharia em estágios sucessivos de evolução no que concerne a nossa visão de mundo e possibilidade de explicações sobre o universo que nos cerca. a humanidade a princípio teria compreendido o mundo através de explicações mágicas, depois religiosas e por fim, numa superação definitiva da religião, através de explicações científicas. Freud, que foi leitor de Frazer, também enxergava a religião com olhos nada favoráveis, nada mais que uma "ilusão", cujo destino era ser superada. a religião e seus muitos ritos, gestos e cânticos, seria o equivalente coletivo de uma neurose obsessiva individual. o pai da sociologia, durkheim reduzia a religião ao seu papel pedagógico, ela serviria para adequar os indivíduos a sua sociedade e seus ditames, reduziando assim a religião a "ideologia", o que ainda é uma opinião popular. mesmo a psicanálise de orientação Lacaniana parece reiterar essa opinião de durkheim (lembremos também de Marx, leitor de feuerbach, para quem a religião é "o ópio do povo"), me recordo de uma frase proferida pela excelente psicanalista Laéria Fontenele, em uma das aulas que tive de mestrado, ao se refirir a uma mulher e sua opção pela religião, ela assim definiu a filiação dela a um credo religioso "ela alienou o sentido de sua vida a uma religião".

Para Jung, a mitologia possui uma função de higiene psiquica, no seu "símbolos da transformação" ele explica essa função ao afirmar que essas imagens imorredouras sempre nos ensinaram os limites de nossa personalidade empírica "isso são os deuses, não são você, você deve lidar com eles, venerá-los e respeitá-los, mas você é uma outra coisa" se bem me recordo de suas palavras. nossa consciência, quer tenhamos ou não um credo religioso, é sempre e sempre, em sonhos, atos falhos, sintomas e visões, assolada por deuses e demnônios desconhecidos. símbolos de nossa psique objetiva sobre o qual não temos qualquer controle, mas com os quais temos de lidar, de maneira similar como temos de lidar com um professor chato, uma namorada exigente ou um assaltante violento. o fenômeno religioso genuíno é caracterizado justamente pelo que Rudolph Oto chamou de "numinoso", ou seja ele escapa a nossa volição consciente, possui uma energia própria que pode até mesmo subjulgar nossa vontade. certa feita Jung teria dito "que nós temos complexos isso todos sabem, o que poucos sabem é que esses complexos podem nos ter". até mesmo o surgimento da moderna psicologia estaria, para Jung relacionado no ocidente ao ocaso dos grandes símbolos de nossas religiões tradicionais, a psicologia surgiria como esquálido sucedâneo para uma sociedade que se vê obrigada a viver sem o amparo dos símblos e ritos que sempre proveram nosso alimento espiritual. triste substituto para o druida e o xamã é o psicólogo. mesmo a interpretação psicológica que fazemos hoje de nossos mitos, ritos e contos de fada, não seriam mais do que a nossa maneira de ter algum contato, mesmo que mínimo com a força de vida que eles fornecem, e essas interpretações são também um tipo de mitologia. bom vou comer agora e mais tarde continuo...


Continuando, é preciso que fique claro que o mito ou a religião, não são mentiras, ou invencionices, ao contrário, desempenham papel fundamental tanto no desenrolar da vida individual quanto na vida do grupo. para Campbell, o mito desempenha quantro funções, sendo a primeira o que ele denomina de função mística, ele visa preparar a consciência para assimilar a aceitar as pré-condições de sua existência. a vida é dura, e há um horror que lhe é inerente, vida se alimenta de vida, e toda vida caminha para a morte e desintegração. até onde sabemos, em nosso mundo, somos os únicos que temos consciência desses fatos, do horror da vida. os povos caçadores, como os índios do estados unidos, caçadores de búfalos, tinham de alguma forma de lidar com os efeitos psicológicos da matança que causavam para sua sobrevivência, ao matar centenas de animais todos os anos. e mesmo nas regiões tropicais, onde há vida em abundância e o acento mitológico recai sobre a agricultura, não escapou ao olhar arguto desses povos o mistério de que a semente precisa morrer na terra para que haja a nova vida, surgindo lógica de que "quanto mais morte, mais vida" representada de maneira dramática nos sangrentos rituais que surgiram dessa percepção fundamental. mesmo os aspectos cosmogônicos dessa mitologias, o surgimento de alimentos úteis ou  da humanidade, surgem da morte e desmembramento de algum herói culturam ou ancestral totêmico. nessa perspectiva existem três viéses possíveis seguidos pela simbólica mítica. o primeiro de aceitação incondicional do mundo e da vida como ela é, um outro de retirada do mundo, que obviamente é mau, pois tudo o que vive para se manter assim deve causar sofrimento e morte, e um terceiro que enxerga o mundo como mal, mas passível de reformulação e nos convida a tomar partido numa batalha entre luz e sombra pela redenção desse mundo horrendo e cruel. como nas imagens da crença persa formulada por Zoroastro, da luta entre os irmãos Ahura Mazda e Arimã, que se assenta nessa percepção do mundo como maligno, mas de uma possível redenção que necessita de um posicionamento moral dos seres humanos, ao lado da luz e contra a trevas. no caso do judaísmo, o acento recaiu sobre a sociedade, o elemento sagrado no mundo (que é entendido como mecanismo, ou seja algo que em sua substância é diferente de deus) é a sociedade, não uma sociedade qualquer, mas um povo escolhido que realizou um pacto com  deus.


Campbell narra uma história interessante da mitologia indiana sobre a percepção de que a vida vive de vida. Xiva, o dançarino cósmico, o destruidor ou o transformador, deus ioge que faz parte da trimurti hindu (os outros dois são Brhama e Vishnu) um dia foi ofendido pelos demais devas, de seu aborrecimento surgiu um monstro terrível, de corpo magérrimo e cabeça de leão. essa fera começou a devorar tudo, e nem mesmo Indra foi capaz de derrotá-lo, quando o monstro estava prestes a devorar até mesmo os deuses, eles se prostaram diante de Xiva e pediram clemência. Xiva então se dirigiu ao monstro e ordenou que ele parasse de devorar a criação, mas a criatura replicou "eu sou a fome eterna, se não posso devorar o mundo o que devorarei?" então Xiva ordenou que ele devorasse a si mesmo. imediatamente a criatura começou a se devorar pelos pés, até que apenas sua cabeça de leão restou. o deus observou o que havia restado de sua criação e exclamou "que grande maravilha! te colocarei na entrada de meus templos, só quem passar por ti poderá chegar a mim!". A fome eterna, a vida que se devora a si mesmo é o guardião do portal que leva a transcendência, a aceitação do mundo como ele é torna-se um requisito para que se enxergue a radiância transcendente que o mundo igualmente é, pois o mundo é o corpo do próprio Deus, é Brhama. ocorre aqui uma mudança de perspectiva, como o bodisatva, que escolhe "viver alegremente em meio as tristezas do mundo". me recordo igualmente de uma historieta budista sobre um bodisatva que ilustra bem esse aspecto da vida que é o aspecto místico do mitologia em sua função de preparar a consciência para as pre-condições de sua existência.


O Bodsatva estava caminhando por uma terra pura quando presenciou um pombo que estava sendo perseguido por um abutre. a ave já estava nos limites de suas forças e logo seria alcançada pelo abutre e devorada. tomado de compaixão ele abrigou o pombo para salvá-lo de sua sina de ser morto e devorado pelo predador. apesar do ato compassivo, o abutre se dirigiu ao Bodisatva e reclamou "eu também estou nos limites de minha força, se não devorar o pombo eu morrerei de fome!"; abalado o Bodsatva não sabia o que fazer, e ofereceu sua própria carne ao abutre em troca da vida do pombo. imediatamente surgiu miraculosamente uma balança. o abutre subiu em um dos pratos e seu peso fez a balança se inclinar. ao ver isso o Bodsatva começou a cortar a sua própria carne, tentando igualar o peso do abutre, mas por mais que colocasse de si no outro prato da balança não podia igualar o peso da ave. subitamente ele compreendeu e subiu no outro prato da balança e eles se moveram e se igualaram, uma vida por uma vida. imediatamente uma chuva de ambrosia surgiu e regenerou o ser iluminado e as aves revelaram serem ninguém menos que Indra em pessoa. mais uma vez surge de maneira punjante a realização de que a vida vive de vida, e aqui vemos a tomada de consciência desse fato como algo libertador, assim que o Bodsatva se apercebe desse fato, a cena de brutalidade predadora se converte em algo diferente, mas fundamentalmente o mesmo, como a revelação da divindade e transcedência, personificada aqui por Indra, e seu corpo é regenerado. é interessante esse elemento nessa história, pois o significado de Bodsatva é justamente aquele cujo próprio corpo é o despertar, a iluminação.


Eis então em linhas gerais a primeira função desempenhada pelas mitologias, alinhar a consciência ao mysterium tremendum do universo.  Podendo resultar daí, do despertar para o assombro do universo ,três posições distintas pode-se: aceitar e afirmar o universo tal como ele é; a negação do mundo como ele é, ou da restauração do mundo como ele deveria ser. daí resultam três formas de participar do mistério do universo por parte do indivíduo: exteriorizando, interiorizando, ou efetuando uma correção.


A segunda das quatro funções desempenhadas pelas metáforas da simbólica mítica, segundo aponta Campbell, é apresentar uma imagem consistente do universo, em certa medida, interpretá-lo. existe aqui a idéia de que há uma ordem cósmica, e de que essa ordem macrocósmica corresponde a uma ordem microcósmica, ou seja, a sociedade e o homem participam da harmonia do universo. assim é que na China da antiguidade os imperadores era considerados legítimos por terem recebido o "mandato do céu", e nas muitas imagens míticas chinesas do outro mundo ou do inferno, essas regiões espirituais são representadas como identicas a complexa burocracia chinesa. essa comcepção, do Tremendum do universo como uma ordem cósmica impessoal, que pode ser descoberta através das matemáticas ou dos movimentos cíclicos dos astros, dos quais os deuses são meros agentes, se afasta da concepção mais primitiva, nesse caso, em linhas gerais, é essa a concepção que surgiu provavelmente na cidade hierática mesopotâmica há três mil anos, e foi a concepção das grandes civilizações monumentais da antiguidade. assim, os aztecas realizavam sacrifícios sangrentos, arrancando o coração de guerreiros vivos num altar de quatro lados para garantir que o sol continuaria a se levantar, assim como sacrificavam crianças no alto de montanhas para garantir a chuva, nesses exemplos temos uma junção desses dois aspectos míticos, pois a morte garante a vida - o nascer do sol e a chuva - na lógica de quanto mais morte mais vida, mas agora numa escala cósmica, sem a participação da sociedade humana o cíclo cósmico dos dias e das chuvas cessaria.


Essa segunda função é, basicamente, a de fornecer uma cosmologia, como a que se encontra na bíblia, no gênesis, em que um deus personificado criou o mundo e tudo o que existe nele através da palavra em sete dias. ou do relato Hindu sobre a criação, oposto ao relato cristão, no sentindo de deus ser imamente e transcendente, pois seu corpo é a prórpria criação. nesse mito, o ser primordial adquire consciência de si, seu primeiro sentimento é medo por estar só, em seguida ele deseja uma companhia e se divide em dois e passa a desejar aquela parte de si mesmo, agora dois seres, ela foge e se transforma numa vaca e ele num touro e daí nascem todas as vacas, e assim sucessivamente, até que toda a criação surja. assim também no mito cosmogônico chinês um gigante primordial tem seu corpo despedaçado para a criação do universo, no mito mesopotâmico a deusa dragão das águas primordiais Tiamat é despedaçada por Marduk com a ajuda dos ventos e de seu corpo desmembrado ele cria o mundo, ou o mito nórdico em que um gigante primordial de cujo corpo igualmente despedaçado nasce o mundo, o sol a lua e as estrelas. ou a ordenação grega do caos feita pelo todo poderoso Zeus, trazendo harmonia a matéria disforme anterior a seu poder e majestade.


A terceira função da mitologia é a de justificar ou respaldar uma ordem moral, de maneira que a ordem social esteja de alguma maneira, estreitamente relacionada a ordem cósmica. esse é o sentido apontado por Durkheim, de que a religião tem um objetivo pedagógico, de adequar o individuo há uma ordem social pré-estabelecida, todavia ele reduz a religião a esse aspecto apenas. na atualidade há no âmbito da filosofia várias correntes que debatem a ética, tal fragmentação se justifica principalmente pela falta de um esteio metafísico para as afirmações éticas, sem o qual elas não se sustentam. não à toa, Kant, mesmo após demonstrar em sua crítica da razão pura, que o esforço metafísico era infrutífero, ao discutir ética e moral, repõe toda a metafísica. Como o post já se alonga em demasia, passo a quarta e última função, tida por Campbell como a mais importante, e só a menciono, posteriormente me deterei com mais detalhe a ela. essa quarta função é psicológica, a de auxiliar o individuo a passar pelos estágios e crises da vida, ajudando a compreender e dar um sentido a experiência da vida. Jung muitas vezes utilizou a metáfora da vida humana como o curso do sol, que nasce e ascende em direção ao seu ponto mais elevado no zênite, para em seguida dirigir-se ao seu ocaso e ao desaparecimento na noite. o sentido vivo de participação no mistério da vida humana e suas várias fases, crises e transformações, suas várias "mortes e renascimentos" sempre foi fornecido pelo mito, pela simbólica religiosa.

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