sábado, 8 de outubro de 2011

Steve Jobs 1955-2011



A morte de Steve Jobs é certamente uma tragédia, paradoxalmente, é algo tão natural e inevitável quanto uma chuva de primavera, ou um por do sol. Muitos de nós, os mais idealistas talvez, sonham em mudar o mundo, Steve fez isso, várias vezes. Ele mudou a maneira como nos relacionamos com a tecnologia, forjou um futuro que nenhum de nós ousou sonhar antes dele, foi o visionário dos visionários, talvez o maior gênio de nosso tempo. Talvez alguns se lamentem e digam “ele viveu pouco”, mas como disse a morte de Neil Gaiman certa vez, “he got what anybody gets”, isto é, uma vida. Seja a curta vida de uma abelha, ou a longíssima vida de certas tartarugas, todos consguem uma vida, não importa quão longa ou curta seja. Jobs foi um grande homem, não por ter sido um bilionário, isso não passa de efeito colateral, ele foi alguém fiel a si mesmo, capaz de não perder a fé em seus sonhos, que viveu cada segundo de sua vida ouvindo o seu coração e indo onde ele o levava. Poucos de nós têm essa coragem, a maioria vive esmagada pelo peso de dogmas, opiniões, bom senso, medos e vergonha.  Como dizia Campbell o Dragão que em cada escama tem escrito “tu deves”. Steve matou esse Dragão, e viveu uma vida plena, sorte nossa.

Mesmo o mais empedernido cínico, deverá dar o braço a torcer, enquanto escrevo essas palavras, meus dedos tocam a imaginação e a visão desse grande homem, mesmo as letras na tela, são o fruto de seu senso estético, não se enganem, antes de tudo ele foi um esteta. Não posso deixar de ser grato, e minha gratidão vem com um senso de maravilhamento, não pode existir maravilha maior do que um coração livre, alguém que viveu seguindo seu próprio destino, muitas vezes contrariando todo o bom senso, quase como meu herói preferido Naruto, visto por todos como tolo, e, ao quebrar as regras que todos seguem sem pestanejar ou pensar, sempre diz “esse é o meu jeito ninja”. Nos contos de fada é sempre o tolo que acaba sendo o herói, o tolo é capaz de escapar das convenções, aquelas que aprisionam os espertos, as pessoas bem adaptadas a sociedade e inevitavelmente presas a ditames coletivos. Jobs certamente foi um tolo, que ignorou o mais elementar bom senso, largou a faculdade, se dedicou a uma tolice como a caligrafia, e fundou a Aple e a Pixar. Em um de seus mais famosos discursos, ele finaliza dizendo “continuem famintos e continuem tolos”.

Jobs é um dos raros exemplos de uma personalidade genuína, alguém que perseguiu com afinco e fé a meta de ser exatamente quem ele realmente era. Sua fé em seu destino era inabalável, ele sabia que, em algum lugar escondido de sua alma estavam as respostas, as sementes que, se cultivadas, fariam crescer a árvore de sua própria vida. Por isso ele foi grande, pois foi apenas ele mesmo. Esse tolo mudou o mundo, muitas emuitas vezes. Em sua vida, ele não esteve preso as visões de outros homens, ao contrário, ele enxergou o que ninguém mais podia ver, o que apenas ele podia ver, e isso mudou o mundo.

Perdemos um grande homem, mas todos os homens grandes e pequenos morrem, todos nós somos pouco mais que areia e pó. Nossa vida é tudo o que temos, e é o que todos conseguimos, uma vida. Perder tempo com a vergonha, o medo, ou tentando viver a vida de outra pessoa, ou mesmo ter a ousadia de crer que sabe como alguém deve viver sua vida, é um perda de tempo, tempo que não temos. Obrigado Steve, menos pelo Mac, ou pelos Ipads, e mais por sua vida ter sido um exemplo do que pode um tolo que ousa ser nada mais que ele mesmo.


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