segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Eleições no Ceará 2014 – segundo turno

Nosso estado vem sendo governado, mutatis mutandis, pelo mesmo grupo político há mais de vinte anos. O clã Ferreira Gomes, crias de Tasso, tornaram-se independentes de seu padrinho político e, com um enorme poder de adaptação e argúcia, vêm se equilibrando no poder esbanjando senso de oportunidade e jogo de cintura para se mover de um partido a outro e de um espectro ao outro da ideologia política sem se deixar constranger por bobagens como coerência. Ciro e seu grupo são pragmáticos, eficientes, impiedosos, e uma força política que não se deve jamais subestimar. Cid, em particular, em que pesem nossas divergências ideológicas, é um dos políticos mais habilidosos da história de nosso estado – para o bem e para o mal – muito mais do que seu irmão mais velho Ciro. No fundo eles são liberais, por mais que sejam uns liberais que precisem das sinecuras do estado e, talvez por isso, não sejam fãs do estado mínimo.

Eunício também é um oportunista, entrou na política por meio do sogro, a quem passou a perna, e sua riqueza foi concomitante ao seu sucesso político. Como ouvi certa feita de um grande quadro do PT, Eunício faz política para o seu CNPJ. O postulante ao governo do estado começou bem demais nas pesquisas, e a história recente nos mostra como isso pode ser ilusório. Eunício venceu a disputa interna pela liderança do PMDB no Ceará e é um aliado de longa data tanto do PT quanto dos Ferreiras Gomes, e, como estes, dança conforme a música – mas creio que Cid dance melhor. Ele já teve uma vitória importante, elegeu seu senador, Tasso, o que talvez seja uma faca de dois gumes.

Teremos um segundo turno, a criatura de Cid, Camilo, disparou e passou a frente de Eunício na reta final. Comparando friamente os dois candidatos, Camilo é administrativamente bem mais competente e compromissado do que Eunício, e, até o momento, é um político mais “limpo”. Sempre confiei na vitória de Camilo, por acreditar no poder do pragmatismo de Cid e companhia, ninguém pode acusá-los de não saber ganhar eleição. Nesse segundo turno, novamente fazendo uma análise fria das chances reais dos dois candidatos, se eu tivesse algum dinheiro para apostar (coisa que não tenho) apostaria em Camilo. Ao lado dele está à máquina da prefeitura de Fortaleza e do estado capitaneada por Cid, seu poder eleitoral foi confirmado pelo número de deputados eleitos pelo PROS – já o PT passou de 5 deputados estaduais para 2. Não bastasse isso, no segundo turno Dilma terá que escolher um palanque, e, mesmo que não o faça, Camilo sendo petista tem mais legitimidade para se colocar como o candidato de Dilma. Aécio tem poucas chances de bater a candidata petista e estar associado a uma campanha a presidência que só tende a crescer e, descontando o imponderável, vai vencer as eleições é um ponto muito positivo para Santana.
Para a sorte de Eunício, Ailton Lopes não estará nos próximos debates. O Psolista, com sua ironia e inteligência afiada demoliu o candidato do PMDB, mostrando o colosso de pés de barro que ele sempre foi. Camilo nem de longe é tão habilidoso quanto Ailton, mas não é preciso tanto para desconstruir Eunício, principalmente diante do alto índice de aprovação do governo de seu padinho Cid. Se Camilo souber trazer as grandes lideranças de seu partido para o seu lado, como a deputada federal eleita Luizianne Lins, e conseguir empolgar a militância petista, sua vitória será folgada, pois ele terá o “melhor de dois mundos”. Será um teste interessante para a sua habilidade política a maneira como ele se comportará em relação ao PT, observemos com atenção, o resto, o tempo há de nos fornecer respostas...


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