terça-feira, 5 de julho de 2011

Kung Fu Panda II



Kung Fu Panda II é sensacional! Roteiro enxuto, com uma história envolvente, e extremamente engraçado. Assim como o primeiro filme da franquia, toca em questões profundas e sérias de uma maneira extremamente sutil. Mesmo sendo um desenho animado de comédia, mais uma vez o Kung Fu é muito bem retratado, com suas sutilezas e filosofia delicadamente mesclado a ação e as piadas.

O vilão dessa continuação é bem mais interessante que o brutamontes Tailung do primeiro filme. O pavão Lorde Shen é um megalomaníaco, obcecado pelo poder e que, de certa maneira, sabe que caminha uma senda sem volta e funesta. Assim como Tailung, ele tem o que os americanos chamam de “father issues”, seus pais o expulsaram do reino que ele deveria herdar, anos depois, consumido pelo ressentimento, ele o toma de volta a força.

Sutilmente, vários aspectos importantes do Kung Fu são mostrados, a diferença entre os estilos suaves e duros, exemplificados pela tigresa, com punhos de ferro, e o “molenga” Po, o panda. Além disso, toca-se no aspecto interno e externo das artes marciais chinesas. Para se alcançar a perfeição na arte, é preciso encontrar a “paz interior”, com rara beleza e lirismo, Po atinge seu potencial de guerreiro ao fazer as pazes com o seu passado e relembrar através de uma meditação em movimento similar ao Tai Chi, como se separou de seus pais biológicos, encontrando a si mesmo no processo. Da maneira como está escrito no Tao Te King de Lao Tzu “quem vence aos outros é forte, quem vence a si mesmo é poderoso”.

Em vários momentos, o diretor apela para uma estética de vídeo-game que se mostra muito interessante, e o recurso da animação tradicional – já explorado no primeiro longa metragem – é utilizado novamente e, dessa vez, com ainda melhores resultados.

Po parte numa jornada para salvar o Kung Fu, mas essa se torna uma jornada de auto-conhecimento, onde ele descobre a si mesmo e, de quebra, salva o Kung Fu. Boa parte da sabedoria contida no filme é expressa pela vidente Fala Macia, assim como no Kung Fu Panda I, um dos temas principais é a máxima Zen “o passado não existe e o futuro é uma ilusão”. O Pavão Shen é incapaz de compreender isso, e vive preso ao seu rancor, ao passado. diferente de Shen, Po logo faz as pazes com seu passado e volta a viver no presente, e a se preocupar com seus amigos.

Engraçado e divertido como poucos filmes, com ação e aventura de sobra, profundo sem ser pedante ou chato, Kung Fu Panda II é uma excelente pedida, não percam!

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