Há
muito o que refletir sobre o primeiro turno das eleições municipais de Fortaleza,
especialmente sobre os candidatos derrotados. Inácio Arruda teve uma votação tão
pífia que me leva a não perder muito tempo com ele, mas dois dos candidatos
derrotados merecem alguma consideração. Moroni é um sujeito estranho, já se
candidatou algumas vezes e é sempre derrotado, não importa a conjuntura, mas ao
que parece, ele sempre incomoda. Nessa última eleição ele esteve na frente das
pesquisas de intenção de votos por um tempo considerável. Existem aí duas
possibilidades: que tenha havido algum tipo de manipulação – coisa que não
descarto – e um certo fascínio exercido pelo discurso simplório de Moroni que o
manteve vivo nas pesquisas por mais tempo do que seria normal. Moroni não
possui propostas novas, são as mesmas desde que ele começou a se candidatar a
prefeito. Seu discurso é criptonazista e facistóide, e sua única resposta a
qualquer problema da cidade é: mais polícia.
Mesmo
assim, ou graças a isso, Moroni angaria simpatias em Fortaleza. Ele representa
a extrema direita em nosso estado, com respostas simples e falaciosas para todo
e qualquer problema, mais homens na rua resolve os dilemas da segurança, saúde
e educação. Ainda assim, sua votação não é de todo desprezível, com sua retórica
fascista ele atrai eleitores insatisfeitos e seduz pela simplicidade. Não nos
iludamos, espíritos simples procuram e se encantam com respostas simples. Moroni
possui um discurso que é simples e direto e fala aos anseios de muitos, sejam
esses anseios confessáveis ou inconfessáveis.
A
popularidade do discurso de Moroni sempre me coloca em estado de alerta, como
bem ensina Jung, o nazismo não foi um fenômeno extemporâneo e isolado, poderia
ter eclodido em qualquer parte da Europa. Seria Moroni um sintoma de que algo
similar à epidemia psíquica que varreu a Europa também nos espreita? Não tenho
a resposta, mas a pergunta certamente me preocupa. Mas há um outro candidato
que merece uma análise mais atenta, principalmente pelo motivo de que eu o
considero muito similar a Moroni: Renato Roseno.
O
discurso de Roseno e pomposo, articulado, e repleto de palavras rebuscadas, mas
uma análise mais atenta revela algo tão simplório quanto à fala de Moroni. O
discurso de Roseno é essencialmente maniqueísta, há uma luta em curso entre os
bons – alinhados a ele – e os maus – que são todos os demais. Ele se coloca
como Zaratustra moderno e seu discurso não visa tanto convencer, mas moralizar.
A fala de Roseno e sua retórica não pretendem demonstrar um ponto de vista, mas
a verdade, quase em termos metafísicos. Há um lado bom, detentor de valores
superiores, cimeiros e que deve se esforçar por corrigir e educar os demais que
ainda não viram a verdade. A verdade liberta, e os que ainda não são livres é
porque ainda não foram tocados por essa verdade, eis em essência o discurso de
Roseno. Uma análise atenta mostra que boa parte do que ele fala não são inverdades,
mas pior, meias verdade. Ou ainda chavões, slogans e platitudes que de tão
simplórias e obvias não podem nem mesmo ser rebatidas. Em tempo, quem vai afirmar
de sã consciência que não se deve proteger a natureza? Ou combater a corrupção?
O discurso simplista de Roseno mostra também um certo descolamento da
realidade, mas eu quase chego a crer que é algo proposital.
A
quem se dirige esse discurso? Em larga medida aquilo que alguns chamam de “senso
comum ilustrado” pessoas que se julgam intelectualmente superiores por não assistirem
novelas ou vibrarem com o Big Brother. Normalmente gente que está ou é egressa
da universidade e que parece crer que isso basta para separá-los do “vulgo”. Há
no discurso de Roseno não apenas uma presunção moral, mas igualmente
intelectual. Há um grau elevado de idealização dos dois lados dessa equação, o
eleitores de Roseno o vêm como portador de uma verdade, uma “boa nova” e Roseno
ativamente se coloca nesse papel de mestre. O descolamento da realidade é
necessário a manutenção de um tal estado de coisas, pois o discurso de Roseno e
totalitário e totalizante, não há furo, não há lacuna. Ele sempre tem as respostas
e está sempre pronto a apontar o dedo para acusar e criticar. O destino inevitável
de toda a idealização é a decepção, mas em termos meramente discursivos, em
peças de retórica essa idealização encontra o campo mais fértil possível: o dos
desejos quiméricos.
Roseno
não possui propostas viáveis, nem pretende possuí-las, sua seara, seu campo
preferido é o discurso sem corpo. Se sua fala for obrigada a se constituir numa
práxis será seu fim. Seu pseudo-messianismo perverso só pode prosperar no campo
da irrealização, do que poderia ser e nunca foi, na esperança escatológica do “reino
que virá” como recompensa aos justos. O partido dos trabalhadores (PT) é digno
de críticas? Certamente, ele cometeu muitos erros? Um fato inegável. Todavia é
isso o que acontece quando o discurso esposa a realidade dura. Ao tentar
realizar algo é inevitável cometer erros, é até mesmo indispensável. Seres humanos
de carne e osso cometem erros, só semideuses nunca o fazem. O discurso de
Roseno parece exalta-lo a um patamar sobre-humano. Ele não conspurca sua
pureza, não se coliga com ninguém, não recebe dinheiro de ninguém (não duvidaria
se ele até mesmo atacasse a ideia mesma do dinheiro), ele é santo, no sentido
radical etimológico dessa palavras de “separado”.
A
seu modo, Roseno se assemelha a Moroni. Seu discurso é, em essência, simplório
e preconceituoso, além de fascistóide no pior sentido da palavra. Moroni, ao
menos, me parece disposto a ter o poder em suas mãos (ou a “caneta” como ele
prefere), já Roseno não o deseja, e isso me parece patente, menos aos olhos de seus
seguidores. Na década de oitenta o PT ostentava um discurso maniqueísta
similar, e se colocava como reserva moral, o que foi um erro. Roseno é filho da
DS e do PT e é estranho que não tenha aprendido com a lição da história. O Psol
não possui quadros para governar, ele mesmo deixou isso claro em entrevista ao
ser perguntado sobre como montaria sua equipe.
No frigir dos ovos, o fenômeno Renato Roseno se explica mais por uma vontade de que as coisas continuam as mesmas do que por um genuíno desejo de mudança. Se fosse esse o caso ele deveria tentar se tornar uma opção viável, o que sacrificaria sua santidade, como fez o PT desde a sua fundação. Ideias e discursos são importantes, importantíssimos eu diria, não à toa me dou ao trabalho de fazer essa análise. O problema de Roseno é justamente essa insinceridade, seu discurso é mero Flatus Vocis é uma quimera que vira as costas ao mundo e almeja uma utopia, ou melhor uma “terra prometida”. Um lembrete a Roseno, o mundo real é um lugar duro, ruim, e implacável, e como diria a filosofia budista, mesmo assim “é a lótus dourada da perfeição”. É nesse mundo que temos de agir, é com ele que temos de nos haver. O discurso moralizante de Roseno se esquiva justamente dos grandes dilemas morais, dilemas que o PT encarou, algumas vezes com sucesso e outras tantas fracassando, mas encarou.
No frigir dos ovos, o fenômeno Renato Roseno se explica mais por uma vontade de que as coisas continuam as mesmas do que por um genuíno desejo de mudança. Se fosse esse o caso ele deveria tentar se tornar uma opção viável, o que sacrificaria sua santidade, como fez o PT desde a sua fundação. Ideias e discursos são importantes, importantíssimos eu diria, não à toa me dou ao trabalho de fazer essa análise. O problema de Roseno é justamente essa insinceridade, seu discurso é mero Flatus Vocis é uma quimera que vira as costas ao mundo e almeja uma utopia, ou melhor uma “terra prometida”. Um lembrete a Roseno, o mundo real é um lugar duro, ruim, e implacável, e como diria a filosofia budista, mesmo assim “é a lótus dourada da perfeição”. É nesse mundo que temos de agir, é com ele que temos de nos haver. O discurso moralizante de Roseno se esquiva justamente dos grandes dilemas morais, dilemas que o PT encarou, algumas vezes com sucesso e outras tantas fracassando, mas encarou.
Li o texto todo, amigo, só pra dizer, com extrema convicção: Ai dento.
ResponderExcluirbom juscelino, não creio que caiba resposta ao seu comentário, de qualquer sorte, obrigado pela atenção ao ler o texto
ResponderExcluirTambém li o texto todo companheiro, e devo afirmar de forma igualmente convicta: Ai dento.
ResponderExcluirLi o texto, confabulei com os meus botões e finalmente fui levado a crer que: Aí dento.
ResponderExcluirBom o texto é bastante interessante, mais sinceramente, aí dento!
ResponderExcluirParabéns pelo texto, muito bom! A parte do Roseno então, bateu com algumas pessoas que conheço e que votaram nele.rs
ResponderExcluirEnfim, senso comum vai continuar e os recalques já estão por aí.
com certeza, muitos recalques.
ExcluirCom esse texto entendi duas coisas fundamentais
ResponderExcluir1º o motivo da aliança entre Lula e Maluf.
2º uma aplicação prática do lugar social da fala.
No mais saudade de nossas conversas.
Excelente texto.
Thiago Cavalcanti
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSou Noveleira, adoro BBB, nao sou universitaria, sou pobre e voto no Roseno pq diferente do PT, me convenceu q Fortaleza pode ser um lugar melhor pra se viver... coisa que o PT com seu Candidato (POSTE) nao convence!
ResponderExcluirSou pobre, entrei na Universidade Federal neste ano, ando de onibus todos os dias, gosto de ir á praia, conheço amigos de Caucaia que fazem o Projovem Urbano em Fortaleza, adoro ver vídeos no cuca, e digo com toda convicção que minha vida mudou graças as coisas diárias que foram sendo contruidas. Vejo na Luizianne, apesar dos muitos erros cometidos, uma mulher que fez muito quando não tinha apoio de NINGUEM em um projeto político-social-cultural novo em Fortaleza, se desprendendo das amarras políticas já tao rançosas. Conheço o Elmano e vejo nele um cara maduro, capaz, com muito planos VIAVEIS e voto 13.
ResponderExcluirAcho que você errou e acertou no texto.
ResponderExcluirAcertou quando compreendeu o tom maniqueísta do discurso de esquerda moralizante. Esse é foi o erro do PT, ao se colocar como partido da "ética", contra a "corrupção". Esse discurso não atinge só um eleitorado intelectualizado, mas também todo o eleitorado. Como o discurso da "competência" ou da "segurança pública", a imagem da luta contra a corrupção e de um partido que segue princípios e não caminha ao sabor dos poderes é realmente atraente para quase todos nós brasileiros.
(O efeito colateral disso é que muita gente boa da esquerda se coloca realmente como mais conscientizada e chega a expressar com uma ou outra palavra ou expressão sua diferença em relação a outros que não o são (ou seja, não de esquerda, ou mesmo não são do mesmo extremo da esquerda), ou a desconsiderar totalmente a possibilidade de outras propostas. Essa posição, que eu diria que é mais um traço de personalidade do que uma política de partido ou de luta coletiva, não pode se generalizar até o ponto da sua crítica, ou seja, a de que o PSOL é um partido totalizante)
Nesse quesito, contudo, o fato de "não se coligar com ninguém" não é demérito ao PSOL. Ele, aliás, se coligou, com o PCB. A questão é que o projeto político do PSOL é incompatível com o dos outros partidos. Se o Brasil só pode ser governado com uma coligação com os mil partidos cacarecos e o PMDB, assim como o quase varguismo do Lula pretende, aí é outra questão. No mínimo compromissos e negociações são possíveis, mas sem candidatos já eleitos isso não é pensável. O PSOL entra na disputa eleitoral pra poder também ter poder de barganha dentro do sistema. Só negocia quem já está em posição para negociar.
O discurso do candidato ético, que você localizou e me parece uma tendência negativa, é ruim porque puxa o discurso político para o terreno do abstrato, do que você chamou de senso comum ilustrado, de lutas sem qualquer determinação que qualquer um (ao menos de certos lugares sociais) poderia concordar. Entretanto, o discurso do Roseno não é todo feito desse componente.
O PSOL é um partido envolvido com lutas sociais bastante específicas. Do estaleiro, obras da Copa, das remoções e questões de moradia urbana, ensino público, políticas da infância e adolescência, movimento de mulheres, LGBTT, etc. Essas questões estão todas centradas em uma política de esquerda com posturas bastante específicas. Essas lutas não geram programas e projetos governamentais imediatamente. Contudo, as demandas dos movimentos sociais tem muitos aspectos específicos, ou seja, não são algo assim tão abstrato e solto no ar. Estas lutas contem reivindicações que são um guia para políticas de governo; embora já não explicitem o "como" se vai fazer (no sentido da engrenagem do governo), já são "o que" se deve fazer (ou seja, o que aquela parcela da população quer ver realizada em sua comunidade, em seu local de trabalho, etc), ao menos do ponto de vista deles. Podemos por exemplo nos questionar como seria uma política de esportes do governo do Roseno. Contudo, a postura de prioridade dos movimentos sociais, que são a base deles, e dos pobres (ou seja, do que a esquerda considera serem os pobres e os interesses objetivos dos pobres) já dá uma boa idéia do que esperar.
Esta posição que eu chamo de clara, e você chama de totalizante ou parece que insinua ser até um purismo ou uma posição sacralizada, que é tão valorizada por esse ramo do marxismo, não é nada ruim do ponto de vista político. É, aliás, um dos pontos de vista do político, e talvez o principal: a capacidade de firmar uma posição determinada e antagonizar com outras forças em defesa de princípios morais e dos interesses daqueles que diretamente o apoiam.
(Continua...)
O PSDB não é mais humilde porque não escolheu essa estratégia. Ele simplesmente escolhe outra, no caso a "competência técnica". Seria um absurdo exigir de um partido que ele relativizasse sua ideologia e suas posições na defesa de seus interesses para se mostrar menos totalizante e mais aberto em relação a interesses e posições que antagonizam com as suas. A política também é feita de conflitos e o espaço para a tematização dos aspectos comuns a todos (como democracia e direitos humanos) e de compromissos entre os diferentes grupos sociais.
ExcluirOutro ponto: as palavras rebuscadas do Roseno não são um traço de uma pretensão posição de professor. São simplesmente o modo de falar de um advogado culto de esquerda. Isso é mais um defeito de retórica do que uma possível intenção de se sobrepor, ou de guiar uma massa de proto-intelectuais do "senso comum ilustrado". Os outros ou não vêm dessa origem, ou estão bem treinados. O seu texto, por exemplo, é cheio de palavras rebuscadas, assim como o meu, e nem fizemos esforço. :)
Agradeço pela acurada e precisa consideração do meu texto, li suas duas respostas com atenção e agradeço imensamente pela interlocução e principalmente pelo tom ameno. Concordo com alguns dos seus argumentos, mas não creio que existe (principalmente num palanque) um discurso que não seja pensado como tal, e que simplesmente reflita as idiossincrasias de quem o profere sem pensar em seus possíveis ouvintes. a comparação com nossos dois escritos e a fala de roseno me soa estranha justamente pelas diferenças entre os dois registros (escrito e falado). Quanto a incompatibilidade do Psol com relação aos outros partidos esse é um dos pontos da minha reflexão, pois isso o torna na prática inviável eleitoralmente e não me parece haver uma tentativa de mudar isso. Quanto aos aspectos "práticos" do psol, eu me referia a política institucional, a política que se faz a partir do executivo, para fazer esse tipo de política social de que vc fala nem é preciso um partido, uma ong já basta, e não é preciso concorrer a uma eleição, nesse sentido não sei se conta muito como argumento
ExcluirNo mais, agradeço novamente pela interlocução e pelos insights, creio que é esse o papel do intelectual público, suscitar discussão e reflexão e, como diz Zizek, ajudar a formular melhor as perguntas e não tanto fornecer respostas.
Belas Palavras nas suas análise Ary, o Salgueiro. Concordo em tudo com você e ainda mais: Como estratégia de discurso o autor se utilizou das mesmas armadilhas que segundo ele o PSOL fez tornou as palavras no tom semântico maniqueísta PT de ontem x PSOL e rebuscou-as inclusive com expressões em latim. Os argumentos não podem ficar presos a estas contribuições, o PSOL de hoje não é o PT da década de 80, pois um partido fundado em 2005 justamente por figuras descontentes já acumula historicidade que o PT não teve outrora. O autor coloca o velho dilema da "governabilidade" como um necessidade de "governança". São coisas diferentes, uma quer dizer sobre governar, outra é governar sem ser incomodado, sem oposição, sem pressão da mídia. Isso tudo ocorre nem que pra tal ato o PT faça vazar rios de dinheiro nos meios de comunicação e nas propagandas partidárias, doações ocultas, marketeiros diversos. Falando em tom até mais claro, os petistas de Fortaleza desconhecem inclusive o Elmano do horário eleitoral. Aquele robô protótipo criado por Duda Mendonça que encara a câmera como se o olhasse no olho do eleitor e não responde perguntas, as desvia com dados, fatos, sentenças em pontos de exclamação do governo popular de Fortaleza. Mas será esse o futuro do PSOL? Acho que não. O partido elegeu prefeito nessa eleição. Vai para o segundo turno em duas capitais e pode ganhar em Belém do Pará. Se acontecer vejamos quais experiências serão realizadas por lá. Os movimentos sociais são sim a base-fim da sua governabilidade e os intelectuais de esquerda não como discurso totalizante, mas com o discurso claro/objetivo beirando a obviedade vão dar a força pra que as pressões aconteçam. O PSOL não é um partido preocupado "pra quem" governar pois ele tem isto bem claro é para os pobre, para os movimentos sociais, mesmo que seja necessário a inclusão de técnicos e acadêmicos de classe média na máquina de governo. Estas experiências acumuladas vão torná-lo muito diferente do partido de poder que virou o PT. O PSOL não tem projeto de poder (ainda e pelo menos por hora) pois ele entende-se como mero catalisador de políticas públicas voltadas à população. E nada mais digno de todo esse pensamento ser expresso na recusa do candidato Roseno a usar o palitó. Parece simples ou ato para se aproximar da pobreza, mas é meramente uma recusa ao uso de um envelope capitalista extremo, padronizado, que burocratiza ao mesmo tempo que dá importância pra quem tá dentro. Até os candidatos nanicos o usam. Até a parte pobre da população como pastores evangélicos cujo rendimento mensal não chega a um salário usam, para fazer a palavra de Deus, bem dita, expressa pela boca de homens importantes. Todos são bem vestidos na igreja mas o palitó é exclusivo dos palestrantes, de quem está com a palavra, com o poder. Então pra que atitude mais calcada na realidade do que a recusa deste símbolo. O meu texto também é chio de palavras rebuscadas e nem fazemos esforço, é uma gramática de quem é acadêmico talvez?, é pensado, provocado? Será que nós, inclusive o Roseno falamos pensadamente para não nos fazermos entender ou é um ethos já inculcado?
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ResponderExcluirEntão, acredito que o texto possa ter sido escrito sem más intenções, mas o conteúdo dele transparecesse um petista tentando justificar os erros de seu partido, ou então, uma visão superficial de quem apenas assistiu debates e viu o horário político eleitoral, onde, a meu ver, o PSOL errou por ter explorado demais a questão ética, que é uma obrigação de qualquer campanha séria.
ResponderExcluirO que não gosto do texto é a mania de colocar a realidade atual como imutável, ou seja, que estes vinte e alguns anos de democracia são o produto final de tudo e nossa legislação e realidade política serão as mesmas eternamente. Não acho que o financiamento público de campanhas seja impossível de ser implantando, existem até setores dentro do governo que o defendem. Do mesmo modo, achei a posição do PSOL extremamente coerente e que faz o que é correto para um partido novo: marca posição e defende seus ideais, justamente para possibilitar ter maior alcance nas próximas eleições.
Da mesma forma, me preocupa o discurso de que um partido deva possuir em suas bases quadros necessários para governar uma cidade. Acredito que isso seja fruto de uma pessoa acostumada com indicações políticas até para porteiro de escola pública. Pode até ser que o PSOL errasse como o PT, no sentido de dar espaço para pessoas pouco capacitadas mas que são do partido, em um futuro governo, no entanto, acredito que seria fácil arrumar profissionais não filiados e competentes para ocupar secretarias, já existiram governos com ótimas indicações técnicas e creio que isso faz falta na nossa realidade política, seja municipal, estadual ou federal.
P.S desculpe pelo comentário utilizando apelido e foto diferente, mas foi a única forma entre as opções listadas para comentar.
Eu gostaria de parabenizar ao(à) blogueiro(a) e às participações cerebrais. Por acaso, minha opinião é a mesma do (a)dono(a) do blog, mas poderia ser convencido facilmente pelas intervenções que li.
ResponderExcluirAos que perderam seu (e nosso) tempo com "argumentos" adolescentes como "ai dento", desejo que continuem a existir e pintar com cores bem fortes a diferença entre os de um lado, não cansam de pensar e admitem o contraponto, e de outro, os que sequer admitem a diferença.
Ótima reflexão Heráclito, e melhor ainda as contribuições do Ary Salgueiro, Emmanuel Bastos, Coçadinha e Haroldo Guimarães. Política é isso: conversa, debate, argumentação, construção coletiva de um pensamento, e principalmente dos questionamentos. Fico super animado quando vejo debates desse nível, e muito triste quando vejo comentários como "aí dentro". Infelizmente esses tipos de comentários fazem parte da falta de entendimento do que é política e de como se constrói essa política. Estou longe desse entendimento, mas estou sempre a procura de compreensão, e faço isso através das leituras e debates que me levam a essas reflexões. E quando não consigo chegar a essas reflexões sozinho, pessoas como vocês me ajudam a questionar e ver certos pontos e certas perspectivas que ainda não tinha parada pra pensar. E aí entrando no mérito do assunto, creio que muitas vezes é isso o que falta nos militantes de alguns partidos, ou seja, esses auto-questionamentos. Pois por vezes vestem o discurso da verdade única e absoluta, quando sabemos que não existe essa verdade. E que o diálogo é fundamental na política, e principalmente a humildade de saber assumir seus erros e méritos dos outros, pois esse entendimento é fundamental para a construção de uma política para todos e todas. Compartilho da mesma opinião do Teólogo Leonardo Boff quando ele diz que o intelectual não deve ser da parte (partido) e sim do todo, para que possa ter uma visão mais ampla e abrangente. E que devem defender causas, e não partidos. Pra finalizar, parabéns novamente e muitíssimo obrigado pelos questionamentos e reflexões. ;)
ResponderExcluirAgradeço a todos pelos comentários (mesmo os mais juvenis), em outros textos, mesmo sendo um militante do partido dos trabalhadores, tece críticas a setores do partido, acredito que o verdadeiro militante deva estar perpetuamente se questionando sobre sua prática, e acredito no Pólemos (o "debate") do meu xará grego bem mais famoso. Não creio que a realidade seja imutável, ela muda sempre mesmo que não queiramos, e um discurso deve ser questionado principalmente quando ele trata de temas tão cruciais como os debatidos numa eleição.
ExcluirInfelizmente, Roseno srá um novo João Alfredo. Ambos nunca serao, nem peretendem, ser telhado. Ser pedra é mais cômodo. Texto 100%.
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