O
primeiro a classificar as desordens psicológicas em diferentes categorias foi o
médico alemão Emile Kraepelin, em 1887 ele usou o termo dementia praecox para
descrever os sintomas do que depois foi chamado de esquizofrenia.
Para
Kraepelin, a dementia praecox era primordialmente uma doença do cérebro, e uma
forma particular de demência. O termo "praecox" foi utilizado para
marcar uma diferença com doenças como Alzheimer que geralmente acontecem na
velhice. Kraepelin, em sua abordagem tinha uma forte ênfase na biologia ao
tratar dos distúrbios psiquiátricos e retirava a ênfase sempre que possível de
fatores sociais ou psicológicos. A despeito das críticas ao seu trabalho, ele
foi um dos primeiros a tentar elaborar uma nosologia mais concisa e universal
para a psiquiatria.
O
termo esquizofrenia foi cunhado em 1911 por Eugen Bleuler em seu livro Dementia Praecox oder Gruppe der
Schizophrenien. Então diretor do hospital psiquiátrico da universidade de
Zurique (Burghölzli), e um dos nomes mais importantes na psiquiatria
germânica. Para Bleuler a esquizofrenia
não era um tipo de demência e também poderia ocorrer em idade avançada. O termo
escolhido por ele vem do grego e, literalmente, significa mente dividida ou
despedaçada. Um termo apropriado para descrever o psiquismo fragmentado que
ocorre na esquizofrenia. Freud não gostava do termo cunhado por Bleuler e
preferia parafrenia, mas esse é um termo que nunca foi largamente utilizado.
O
livro de Bleuler foi traduzido para o inglês apenas em 1950, apesar da demora
teve enorme sucesso e diversas reimpressões, e foi uma influência poderosa na
elaboração dos manuais de diagnóstico desenvolvidos depois da segunda guerra
mundial, como a primeira edição do DSM e sua influência se estendeu até a sua
segunda edição. Por essa época, a psiquiatria americana era fortemente
influenciada pela psicanálise e recebeu muito bem o diagnóstico de Bleuler que
se baseava em observações psicológicas e não dava grande ênfase aos sintomas
psicóticos.
A
partir do DSM III, os sintomas psicóticos como alucinações passaram a ter maior
proeminência. A publicação do DSM III em 1980 foi fortemente influenciada pelo
movimento psiquiátrico conhecido como Neo-Kraepelianos, que não se interessavam
tanto quanto Bleuler pelos aspectos psicológicos da doença, mas acreditavam que
o enfoque deveria ser o aspecto biológico.
A
principal influência teórica desse movimento foi o psiquiatra alemão Kurt
Schneider, que argumentava que os sintomas psicóticos estavam fortemente
associados à esquizofrenia, a tal ponto que somente com o sintoma de alucinação
auditiva já se diagnosticava alguém com esquizofrenia.
Mesmo
depois de se ter percebido que esses sintomas psicóticos não estavam ligados de
maneira única à esquizofrenia, e com a ascensão do movimento chamado de
neo-Bleulerianos que dava ênfase me sintomas cognitivos, as edições
subsequentes do DSM, até o DSM V continuaram a considerá-los primordiais no
diagnóstico.
Bleuler
elaborou a sua noção de esquizofrenia baseado em testes psicológicos, no teste
de associação de palavras. Esse teste teve origem nos laboratórios de Wundt
(pai da psicologia experimental) e foi utilizado por dois subordinados de
Bleuler Carl Gustav Jun e Franz Riklin, em um grande número de pessoas, o que
também incluía sujeitos que não possuíam problemas psiquiátricos.
Isso
levou Bleuler a caracterizar a esquizofrenia com referência a essas associações
como "associações frouxas" ou "afrouxamento das
associações" com uma ênfase nos complexos. Para ele, outro fator
fundamental era a dissociação (Spaltung), ou a fragmentação (Zerreissung) das
funções psíquicas. Ou seja, a personalidade perde a sua unidade. a noção
psicológica da doença de Bleuler está baseada na hipótese da existência de um
inconsciente psíquico, onde complexos inconscientes, que representam
personalidade parciais, podem tomar o poder e deslocar a personalidade
original. O afrouxamento das associações indicava para ele que a força psíquica
que mantinha a personalidade coesa, isto é, a capacidade de associar conteúdos
psicológicos uns com os outros, era um dos fatores que levava a dissociação ou
fragmentação.
No
livro DSM V, o mais atual dos manuais de psiquiatria em língua inglesa e que
define os critérios para se diagnosticar esquizofrenia. Do DSM IV para o V
mudanças significativas aconteceram, como a retirada dos subtipos de
esquizofrenia (paranóide, desorganizada, catatônica, indiferenciada e
residual), existe uma lista de sintomas do grupo das psicoses: delírios,
alucinações, fala desorganizada, comportamento desorganizado ou catatônico,
sintomas negativas. Para o diagnóstico é preciso que o sujeito exiba 2 desses
sintomas e pelo menos um deles deve ser um dentre esses 3: delírio, alucinação,
fala desorganizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário