segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Eleições em Fortaleza: O eminente retorno da política Oligárquica


Faz-se necessária e urgente, em vista da situação de indefinição das atuais pesquisas de intenção de voto para o executivo municipal, pensar a política cearense de maneira mais ampla. Nesse sentindo é mister discutir a posição dos Ferreiras Gomes nesse cenário. É evidente que Roberto Cláudio (atual postulante a prefeitura de Fortaleza pelo PSB) não passa de um títere, um fantoche, e o titeriteiro, quem movimenta as cordas desse fantoche político é o governador Cid Ferreira Gomes. Em virtude desse fato, é nele que devemos centrar essa análise.

Cid Gomes é filho bastardo de Lula e do petismo no Ceará, em tempo, Cid antes de seu primeiro mandato como governador já fora deputado e prefeito de Sobral, mas era praticamente desconhecido no estado fora do reduto político de sua família e um nome dos mais secundários no cenário político. Em virtude de ser um ator secundário em nossa política a estratégia adotada em sua primeira eleição foi a de associá-lo a dois nomes muito conhecidos: Lula e Ciro Ferreira Gomes. Cid era o candidato de Lula e o irmão de Cid. Hoje em dia Cid Gomes é Cid Gomes, a tal ponto que, em certa medida, já pôde freudianamente matar o pai e se ver livre do incômodo PT.

Cid é um político extremamente habilidoso, e por quase oito anos governou com mais poder e tranquilidade do que o Tasso Jereissati jamais sonhou em possuir. Praticamente sem oposição, com o PT ao seu lado, Cid se impôs como um dos protagonistas mais destacados da política em nosso estado. Diferente de seus irmãos Ivo e Ciro, de caráter mais destemperado e de pouco traquejo diplomático, Cid demonstrou sempre o oposto, tranquilidade e frieza ao tratar da política. Ciro é sem sombra de dúvidas um homem de grande inteligência, e talvez um dos maiores oradores que o Ceará já viu, mas ao mesmo tempo, seu destempero e a língua solta o transformaram numa caricatura de si mesmo, um “seu Lunga” da política de quem sempre se espera alguma declaração bombástica ou ato de descontrole, isso já é parte integrante de sua persona política. A tranquilidade e frieza de Cid e sua maior habilidade de bastidores contrasta com o comportamento dos irmãos, principalmente por ter colocado sob seus calcanhares alguns setores do PT.

O exemplo mais bem acabado desse fato é o Professor Pinheiro, que sacrificou sua história de construção partidária e militância para se manter docilmente sob as asas de Cid. Dentro do PT, existiu a ideia equivocada de que a aliança com o PSB trouxe os Ferreiras Gomes para um campo de centro esquerda, doce ilusão essa, não mais do que uma quimera ou mentira piedosa para justificar aliança tão estranha. Cid soube lidar com essa aliança inconveniente muito melhor do que o PT. Em seu segundo mandato, em jogada de mestre, tornou inócua a figura de Antonio Carlos na assembleia ao torná-lo seu líder de governo, e mesmo setores do PSDB (reduzido a quase nada depois da derrota de Tasso) aderiram alegremente ao seu governo, assim como o PMDB que emplacou o Vice e um Senador. Além disso, com a imprensa no bolso, construiu para si a imagem de administrador jovem, moderno e arrojado. Essa mesma imprensa atacou incansavelmente a administração petista na capital, criando para a classe média uma imagem das mais desfavoráveis para a prefeita Luiziane Lins, imagem essa que ela, algumas vezes, inadvertidamente ajudou a cristalizar.

Diferente do governo do estado, a prefeitura de Fortaleza faz parte de um projeto nacional que se iniciou com Lula e que possui um compromisso social que não é compartilhado pelos partidos de direita. Certamente o PT se afastou do “espírito do Zion”, das máximas políticas que nortearam sua fundação, mas ainda assim foi capaz de realizar reformas fundamentais para reduzir o abismo entre ricos e pobres e tirar da pobreza uma parcela significativa de nossa população. Com seu fetiche pelas grandes obras, o compromisso dos Ferreiras Gomes e de Cid são outros, como fica claro pelos nomes de grandes empresários que cercam Cid e Roberto Claudio, sua descendência e afinidade com Tasso fica cada vez mais clara, com a diferença crucial de que Cid é mais habilidoso e inteligente do que Tasso e Ciro jamais foram. Nossa consciência é efêmera e ao ouvirmos as promessas de Roberto Cláudio, respaldadas por Cid, para a educação, não nos recordamos da catástrofe que foi a educação no governo Ciro em Fortaleza. Ciro implantou o famigerado Sistema de TV, que reduziu os professores a meros operadores de controle remoto e prejudicou uma geração inteira de alunos.

Caso Roberto Claudio chegue efetivamente ao poder, veremos na realidade a ascensão da mais poderosa oligarquia que já se viu nesse estado, os Ferreiras Gomes, capitaneados por Cid. Algo que mesmo para a direita é daninho. Em nosso estado vemos a ascensão de novos protagonistas na política, como o vice-governador Domingos Filho e o Senador Eunício Oliveira, esses atores rapidamente passarão ao segundo plano no caso de uma vitória dos Ferreiras Gomes na capital. Os Ferreiras Gomes terão em seu poder o estado, a capital e inúmeras prefeituras, com essas cartas poderão facilmente ditar sua política a direita (PMDB, DEM, PSDB e companhia) e com maior facilidade submeter à esquerda do PT. Convém recordar, que uma parte considerável do PT já está no bolso de Cid, mesmo agora durante esse momento crucial. Importa salientar aqui uma diferença importante, O PMDB compôs o atual bloco político com o PSB, mas o PSB é secundário, pois os Ferreiras Gomes são antes de tudo uma família. Ciro já passou por sete partidos e ele e os demais membros do seu clã primam por estar no poder, seja em que partido for, atualmente estão no PSB, mas quem sabe o que o futuro lhes reserva? Qual partido será mais conveniente amanhã?


Esse é um perigo real, do retorno efetivo da política oligárquica em nosso estado numa roupagem nova, mais dinâmica e moderna, logo, muito mais difícil de combater e mais propensa a se eternizar no poder. O PCdoB de Inácio com sua candidatura aventureira, o Psol com seu maniqueísmo e discurso franciscano, e mesmo os setores do PT que se alinham a Cid, tornam desse futuro nefasto algo cada vez mais próximo. Com a proximidade do desfecho eleitoral é preciso que aqueles que não desejam o retorno a uma política oligárquica e que almejam que o projeto nacional representado pelo governo do PT possa ser efetivado em nosso estado repensem suas posições, pois a fragmentação da esquerda, historicamente, sempre favoreceu o tipo de política representado em nosso estado por Cid e companhia.

Um comentário:

  1. parabens, por sua clareza e coragem em expor essas ideias que a bem da verdade exprimem a verdade politica de nosso estado

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