Tolkien faria hoje 122
anos se vivo fosse. Ele se foi, após uma vida longa e repleta de pequenos
gestos de bondade e grandes realizações. Dentre seus pequenos gestos de bondade
alguns ficaram para a posteridade, pois foram escritos feitos para atiçar a chama
da imaginação no coração de seus filhos. Todos os anos, ele pedia aos filhos
que escrevessem cartas a Papai Noel e escrevia respostas, na forma de
narrativas imaginativas das aventuras dos habitantes do Pólo-Norte.
Outro desses pequenos
gestos de bondade foi um livro sobre as aventuras de um cãozinho de brinquedo,
perdido por seu filho em uma viagem à praia. Para consolá-lo pela perda de seu
companheiro de folguedos, cão de brinquedo, mas real em sua imaginação.
Tolkien foi um homem
religioso, mas não intolerante; amigo dedicado, estudioso brilhante, poliglota
e marido apaixonado. Sua vida pacata, mas repleta de um vigor que se originava
de sua brilhante imaginação, nos legou obras inesquecíveis, que tiveram o condão
de, por várias gerações, instilar esse mesmo vigor nos corações de seus
leitores, como ele fez em vida com seus pequenos gestos de bondade para com
seus filhos.
Creio que o maior
legado de Tolkien não sejam suas obras, não, certamente esse não é seu maior
legado. Aquilo que de mais importante ele nos deixou foram seus fãs, seus
leitores, e todos àqueles em quem a magia de suas palavras acendeu uma chama
imorredoura. Pessoas como J. R. R. Martin, ou seu dileto amigo C. S. Lewis. Em
cada coração em que as palavras de Tolkien depositaram essa centelha, ali está
o seu verdadeiro legado, somos nós, seus fãs, sua herança para esse mundinho
cinzento, que não acredita mais em elfos e magia, e que se esqueceu de que a
amizade e a alegria valem mais do que montanhas de ouro, esse mundinho estranho
em que a fantasia é vista com desdém, pois, em cada um de nós, seus leitores,
seus discípulos, ele semeou a dúvida contra as certezas sisudas que transformam
nossa sociedade em uma terra árida. Nós somos as fontes, cavadas pelas mãos
desse gênio nesse mundo ressequido, não nos esqueçamos jamais disso, pois somos
o legado de Tolkien, os continuadores de sua fantasia e magia, num mundo que
parece ter esquecido de sonhar...
amei o texto, lindo e sensível!
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