Outro dia estava me recordando de uma pichação que vi em um banheiro e que me chamou à atenção por ser extremamente espirituosa. Tenho esse hábito de, quando vou a banheiros públicos, ler os rabiscos deixados lá por usuários anônimos. Creio que esse hábito é um precursor dos fóruns de discussão na internet ou mesmo dos blogs. Mesmo na cidade de Pompéia, os arqueólogos encontraram esse tipo de escrita em banheiros, falava-se até mal de políticos da época – certas coisas realmente não mudam – pois é, essa é uma prática ancestral, e de todos os que já li, esse que estou prestes a narrar foi o melhor.
Fiz parte, durante um bom par de anos, de um núcleo de extensão na UFC, cuja sala ficava ao lado do Centro Acadêmico de letras e bem próximo a um banheiro. Pois foi nesse banheiro que li o tal grafite, tratava-se, na verdade, de duas pichações, uma primeira e uma resposta a primeira. A primeira pichação dizia o seguinte “quero dar o cú” sic, a seguinte respondia da seguinte maneira: “meu filho, cu é monossílabo tônico, logo se o seu cu tem acento, ele já tem um pauzinho dentro”.
Creio que apenas numa faculdade de letras se poderia encontrar tal coisa, até hoje a lembrança dessa correção gramatical tão inusitada me traz um sorriso aos lábios, apesar da evidente escatologia, ou talvez devido justamente a ela.
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